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Morar no Canadá é mesmo para você? (Parte I)

Morar no Canadá é mesmo para você? (Parte I)

8 de junho de 2016

Se você já se mudou para outra cidade ou outro estado dentro do Brasil, com certeza notou algumas diferenças, seja nos maneirismos das pessoas, nos sotaques, ou mesmo nas comidas populares. No começo você pode até ter se batido um pouco até aprender quais eram os melhores restaurantes, onde ficavam os melhores supermercados, e quais eram as melhores regiões da nova cidade para morar, passear e fazer compras. Mas os desafios param por aí. Mesmo morando em uma outra cidade, você continua no mesmo país, falando a mesma língua e compartilhando da mesma cultura geral. Você sabe quais palavras usar para se virar em sua nova cidade, você sabe como funciona para abrir uma conta em banco, e sabe também como procurar emprego e como conversar com outras pessoas no dia a dia.

Quando moramos em um novo país, no entanto, tudo é novo. Precisamos desaprender tudo o que sabíamos sobre como as coisas funcionavam no Brasil, para que possamos aprender como as coisas funcionam no Canadá. E tudo é diferente. No texto de hoje e também no próximo vamos falar um pouco sobre os desafios que esperam por quem chega no Canadá para morar (independentemente da cidade), e que, se não nos prepararmos adequadamente, podem fazer com que o novo imigrante fique desiludido com o novo país e volte para o Brasil.

Morar no Canadá é mesmo para você?

 

Desafio #1: Tudo é diferente!

Sim, tudo é diferente no Canadá. Desde a língua, é claro, passando pelo comportamento das pessoas, até o que é considerado normal ou aceitável em termos de normas sociais e também de maneirismos. Quem vem do Brasil com a mentalidade brasileira intacta, certo de que o mundo inteiro se comporta da mesma forma e se adequa às mesmas normas sociais, terá muitos desafios pela frente.

Um dos desafios que é visivelmente mais marcante para muitos brasileiros é largar o “jeitinho”. Canadenses são extremamente rigorosos (no bom sentido) quando o assunto é regras e normas sociais. Por exemplo, se tem fila para passar pelo segurança em um jogo de hockey, o canadense fica na fila e não reclama. Se acontecer se encontrar um amigo que esteja numa posição mais à frente na fila, o canadense não vai tentar furar a fila para ficar perto de seu amigo. Se tentar, os outros canadenses irão chamar sua atenção. Ainda falando sobre o jeitinho, regras são regras. Se não pode ter animal de estimação no prédio, então ninguém tem animal de estimação no prédio. Se não pode atravessar a rua se o sinal não estiver verde para o pedestre, então ninguém atravessa a rua.

 

Desafio #2: O idioma!

Centenas de novos imigrantes caem em uma armadilha muito comum: não praticam a língua do novo país. A questão da prática da nova linguagem não se limita ao dia a dia da escola e/ou do trabalho. Ela envole também a convivência direta com canadenses e pessoas de outras nacionalidades.

Um exemplo: é muito comum encontrar no Canadá imigrantes que trabalham como taxistas. Em determinadas situações, é difícil compreender a fala do profissional devido ao forte sotaque que ele possui. Conversa vai, conversa vem, invariavelmente ele elogia o seu inglês, pergunta de onde você é e há quanto tempo está no Canadá. E você acaba perguntando o mesmo para ele. E não é incomum que ele responda que está no Canadá já há mais de 10 anos.

O que acontece é que muitos imigrantes acabam encontrando uma comunidade de pessoas que vieram de um mesmo país ou de uma mesma região, e como consequência mantêm a mesma língua-mãe. A rotina de trabalho no Canadá geralmente é de 40 horas por semana, mas mesmo assim as pessoas não necessariamente precisam se comunicar durante todas as 40 horas. E, no momento em que chegam em casa, retornam à língua-mãe. E também a usam nos finais de semana e nas férias. O domínio do inglês/ francês, como resultado, continua no básico/intermediário. Mesmo que a pessoa já esteja morando no novo país há mais de uma década.

Isso também acontece com muitos brasileiros. Por uma questão de conforto e também de ter amigos que compartilhem de uma mesma origem, muitos brasileiros acabam se fechando em comunidades exclusivamente brasileiras, e falam em português o tempo todo, deixando a língua de lado. Em alguns casos, principalmente quando existem outros brasileiros no ambiente de trabalho, a tendência é falar em português o tempo todo ali também (o que é considerado falta de educação quanto tem pessoas que não falam o português, por motivos óbvios), e o resultado é uma alienação ao mundo canadense à sua volta. Quanto menos as pessoas praticam o inglês, menos abertas ficam para novas experiências e também para aprender mais sobre o novo país e a nova cultura. E muitos brasileiros têm bastante dificuldade com isso. A realidade, no entanto, é simples: se você não quer abrir mão do português nem da sua zona de conforto, talvez a imigração não seja uma boa aventura para você.

Ainda falando a respeito da linguagem, vamos nos voltar agora para o ambiente de trabalho: canadenses são pacientes com novos imigrantes, principalmente na questão da linguagem. Dito isso, é fácil perceber quando uma pessoa comete erros em sua fala mas está realmente se esforçando para aprender, o que é encorajado, mas também é fácil perceber quando uma pessoa não se esforça para ser fluente no idioma e permanece apenas com o básico para se fazer entender, o que é mal visto. E é aí que mora o perigo. Mesmo sendo um imigrante, no Canadá você irá concorrer com outros imigrantes e também com canadenses em sua busca por emprego. E você irá precisar se expressar e deixar uma boa impressão, é claro, principalmente se o trabalho em questão for voltado para o atendimento a clientes. É fácil encontrar emprego em um café, por exemplo, com inglês intermediário, porque as interações com os clientes são rápidas. Mas já é bem mais difícil ter sucesso como garçom ou garçonete em um restaurante bem frequentado, onde a interação com os clientes significa muitos pontos tanto na experiência do cliente quanto na reputação do restaurante - e também nas suas gorjetas.

 

Quanto dar de gorjeta? Varia de acordo com a sua experiência. O recomendado é sempre em torno de 15% do valor da conta. Se o serviço foi excelente, a gorjeta é maior, 20% ou mais. Se o serviço foi apenas satisfatório, 10%. Se foi péssimo, o que é muito raro 0%. A gorjeta faz parte da cultura, e é um incentivo grande para o garçom, que conta com essa quantia para fechar suas próprias contas do mês. Pessoas que não dão gorjeta porque querem economizar são extremamente mal vistas.

 

Falar e praticar o inglês/francês diariamente, mesmo em casa, é cansativo, porque exige muito mais concentração do que estamos acostumados quando falamos o nosso português. Mas já sabemos que para termos sucesso no Canadá é preciso sair da nossa zona de conforto, não é mesmo? E às vezes é preciso fazer uma pesquisa antes de sair de casa, para saber quais palavras usar para se referir a determinado objeto ou alimento que se pretende comprar. Dois sites que podem ser muito úteis para praticar vocabulário são linguee.com e translate.google.com.

 

 

Desafio #3: No Canadá, faça como os canadenses!

Em Roma, faça como os romanos. No Canadá, faça como os canadenses. Aqui, observação é a palavra-chave, para todos os aspectos do dia a dia. Muitos novos imigrantes não levam em conta (ou não conhecem) a importância de observar os donos do lugar. Como consequência, podem ficar perdidos, ou então, por não saberem perguntar e tirar suas dúvidas, ficam sem saber o que precisavam saber.

A observação pode ser usada em vários aspectos da nova rotina: observando os nativos, podemos aprender como devemos nos comportar em situações sociais, que tipo de assuntos são trazidos à tona no trabalho, que tipo de comentários são feitos, como se comportar em parques ou em lugares públicos. Cantada, por exemplo, é assédio em qualquer situação, e não é uma coisa tolerada por aqui como infelizmente é no Brasil.

Falando em parques, ciclovia é para bicicletas somente, e os canadenses respeitam isso. Lembra quando falamos sobre as regras e sobre a necessidade de abandonar o jeitinho brasileiro? Por aqui ninguém caminha na ciclovia, por mais que a pista de caminhada esteja muito concorrida.

Quanto às regras sociais e de comportamento, os canadenses costumam ter mais paciência com imigrantes que ainda não sabem ao certo o que é considerado socialmente aceitável ou não no Canadá. Mesmo assim, os canadenses irão tentar ensinar o novo imigrante a respeito das normas sociais, mesmo que seja através de indiretas, afinal, eles continuam sendo um povo muito educado e respeitoso.

Uma dessas regras tem a ver com higiene ao tossir e espirrar. No Brasil, quando tossimos e espirramos cobrimos a boca com a mão. E essa mesma mão depois irá tocar objetos como trincos de porta, e até mesmo cumprimentar outras pessoas. Isso é muito mal visto aqui no Canadá, e, para os canadenses, trata-se de uma regra de higiene básica. Ao tossir ou espirrar, sempre cubra o nariz e a boca com a dobra do cotovelo. Parece esquisito no início, mas fazendo isso a sua mão continua limpa e não irá disseminar germes por aí. Outra coisa muito comum no Brasil e que não é aceita por aqui é puxar o nariz. No Brasil, assoar o nariz em público é falta de educação. No Canadá, por outro lado, não assoar o nariz é que é falta de educação. Portanto, se você estiver no Canadá e estiver com sintomas de gripe ou de alergia, sempre tenha um lenço de papel consigo, e assoe o nariz sempre que precisar.

Outra curiosidade sobre o comportamento do canadense: canadenses são espontâneos. Se eles querem saber alguma coisa, perguntam. Isso inclui também perguntas que, para os brasileiros, podem parecer sinônimo de falta de educação, mas que por aqui é considerado normal, como, por exemplo, quando um taxista pergunta quanto você paga de aluguel, ou quando o seu novo amigo da faculdade quer saber as datas da sua viagem de visita para o Brasil.
Quer saber mais desafios sobre morar no Canadá? Fique atento ao nosso próximo texto dessa pequena série!

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