Muita gente já ouviu falar na crise do petróleo que está afetando diretamente a economia de vários países, incluindo o Canadá. Com o que está sendo considerada por especialistas como a maior crise dos últimos anos na indústria de petróleo e gás, a província de Alberta já conta com 19.600 empregos perdidos em 2015, desde 1980. Para fins de comparação, durante a crise de 2009 a província perdeu cerca de 17.200 empregos. Ainda assim, nada comparado aos gritantes 45.000 durante a recessão de 1982.
Qual é o impacto desses números na vida dos canadenses em geral e dos residentes de Alberta, em particular? Basicamente o que o Canadá está vendo nesse momento é uma espécie de êxodo, já que as pessoas que dependiam da indústria petroleira para fins empregatícios estão precisando sair da província, cujo foco da economia é o petróleo, em busca de empregos em outras indústrias e em outras cidades. Isso faz com que esses trabalhadores procurem por novas fontes de renda, muitas vezes aceitando pay cuts, ou diminuição de salário, em troca de um emprego mais estável. Para alguns psicólogos e orientadores profissionais canadenses, a crise do petróleo pode ser vista, na verdade, como uma ótima oportunidade para que os trabalhadores que estão sendo demitidos procurem fazer a transição para uma carreira que seja mais adequada de acordo com seus planos de vida e seus objetivos pessoais. Para alguns, é uma oportunidade para recomeçar e realizar os sonhos profissionais.
Para outros, no entanto, a crise do petróleo está provando ser bastante amarga. São geralmente pessoas que não estão mais em início de carreira, e que, embora possuam bastante experiência profissional, frequentemente encontram essa experiência focada apenas na indústria onde trabalharam durante tantos anos. Isso pode fazer com que, na busca por novos empregos, acabem não tendo tantas chances quanto as pessoas mais jovens ou então que contam com qualificações específicas de outras indústrias.
Entre os empregos perdidos estão desde cargos de operação de máquinas até cargos de gerência e executivos. Com menos funcionários, as empresas também estão procurando escritórios menores e com aluguéis mais baratos, e, somando isso à saída dos recém-demitidos funcionários em busca de novos empregos em outros lugares, a indústria imobiliária em Alberta também sofre. De certa forma, a economia é sempre dependente de várias indústrias que exercem maior ou menor influência umas nas outras, e, com isso, uma crise em uma dessas indústrias inevitavelmente acaba afetando a economia como um todo. É o caso também da indústria de hospitalidade, incluindo a famosa Calgary Stampede, que também contou com demissões de funcionários para 2016 devido à diminuição de público. Com menos empregos e frente à necessidade de economizar, as pessoas tendem a gastar menos com turismo e artigos que não são de primeira necessidade, impactando também os lucros de lojas e restaurantes em geral.
Para atrair consumidores, surgem as promoções e os descontos, e também uma curiosa maior facilidade em se conseguir empréstimos, o que faz com que residentes adquiram ou aumentem consideravelmente suas dívidas.
Ao contrário do que aconteceu nas crises do passado, alguns economistas (como por exemplo Peter Tertzakian, de acordo com este artigo) especulam que a volta ao normal a partir da crise mais recente não será tão positiva, principalmente pelo fato de que contamos hoje com uma pressão para diminuir as emissões de CO2 na atmosfera. E emissões de CO2, claro, podem ser interpretadas como efeitos colaterais diretos da produção e consumo do petróleo e seus derivados. Com isso, o caminho está aberto para a renovação da indústria de produção de energia, com fontes mais sustentáveis e menos dependentes dos combustíveis fósseis.
A longo prazo, essa renovação, se vier a acontecer da forma como alguns entendidos do assunto estão prevendo, pode ser responsável pela criação de muitos novos empregos. A curto prazo, no entanto, resta ao Canadá esperar a turbulência passar e reconstruir seus alicerces.
Ao longo dos últimos dez anos o país investiu cerca de US$ 100 bi na indústria de petróleo e gás, produtos que estão rendendo grandes mudanças na economia do país. Hoje, no Canadá, o polo comercial destes produtos está concentrado na região de Alberta, localizada na região oeste do país. Estima-se que o setor gerou aproximadamente 75.000 empregos em todo o país, podendo aumentar ainda mais nos próximos 25 anos.
Imagem: Internet - Google
A Associação Canadense de Produtores de Petróleo estima que a produção atual de 3,2 milhões de barris de petróleo por dia, pode chegar a 6,2 milhões até 2030. Além disso, estima-se, também, que serão gastos US$ 284 bi no desenvolvimento de novos projetos para melhorias no setor até 2035. Sendo assim, com o aumento da produção, aumentará também a demanda por trabalhadores qualificados na área.
De acordo com um relatório divulgado pelo Conselho Canadense Petrolífero de Recursos Humanos, até o ano de 2015, no mínimo, 9.500 vagas deverão ser preenchidas por dois motivos: o crescimento do mercado e a idade avançada dos atuais profissionais do setor. Até o ano de 2035, esse número sobe para 143 mil vagas.
“É muito difícil atrair novos profissionais mesmo com um salário bom, uma vez que eles não querem se expor às condições variáveis do clima e ficar longe de casa por um tempo”, diz Francis McGuire, diretor executivo da Major Drilling International Group Inc., localizada em Moncton.
Em Calgary, até o ano de 2020, a demanda por trabalhadores para funções específicas deverá aumentar 40%, resultando em 3.100 novas vagas. E de acordo com o departamento de RH, a maioria dessas vagas será preenchida por profissionais da região ou até mesmo de outros países como os Estados Unidos, onde o salário médio pago aos profissionais do setor foi de US$ 48.000 ao ano. Em Calgary, o valor negociado está na média de US$ 61.000 por ano, devido à carência da região.
Com a grande demanda de Calgary, grande parte dos americanos está migrando para o Canadá, que já ganhou o apelido de “terra das oportunidades”.
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